Ano Internacional da Tabela Periódica

O Conceito de átomo (do grego indivisível) introduzido por Demócrito (ca.460 ac – ca.370 ac) é talvez uma das mais brilhantes formulações científicas da Humanidade. No entanto, no atomismo de Demócrito, os “átomos” diferiam apenas em forma e tamanho e foi apenas com Dalton (1808) que se atribuiu a cada substância elementarum tipo de átomodiferente. À medida que novos átomos iam sendo descobertos e se acumulava informação sobre as suas propriedades começaram a identificar-se “famílias” de átomos com comportamentos químicos semelhantes. As tríades de Dobereiner (1817) (eg. lítio, sódio e potássio ou cloro, bromo e iodo), a hélix de Chancourtois (1862) ou a lei das oitavas de Newlands (1863) são disso exemplo. No entanto o pai da tabela periódica, no sentido da classificação sistemática de todos os elementos conhecidos (63 à data de 1869), foi o russo Dmitri Ivanovich Mendeleev publicada no jornal da Sociedade Russa de Química e cujo resumo foi republicado em alemão na Zeitschrift für Chemie(12, 405-406 1869). A classificação de Mendeleev era extraordinária, não só pela sua natureza sistematizante mas também pelo carácter preditivo: com base nos vazios da sua classificação periódica (baseada na massa atómica) previu a existência de dez novos elementos dos quais sete viriam a ser descobertos. Para melhor situarmos o caráter visionário de Mendeleev temos de nos recordar que em 1869 não se conhecia o eletrão (Thomson 1897), o protão (Moseley 1913) ou o neutrão (Chadwick 1932).

Em 2019 passam 150 anos desta extraordinária criação do génio humano e a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2019 como Ano Internacional da Tabela Periódica. A Tabela Periódica, enquanto ícone da química, representa o carácter central desta ciência nas suas interfaces com as restantes áreas do conhecimento científico e das tecnologias. A celebração decretada pelas Nações Unidas é uma oportunidade para mostrar a centralidade da química e o seu papel na resolução dos grandes problemas da humanidade, numa ótica de desenvolvimento sustentável, nas áreas do ambiente, energia, alimentação ou saúde. As celebrações devem também servir para promover a consciencialização da sociedade para o papel da química enquanto ciência promotora do desenvolvimento e bem-estar e motivar as novas gerações para carreiras nas áreas das ciências e tecnologias.

Adelino Galvão
Secretário Geral da SPQ